segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Crônica || Por Um Momento Feliz




Sentado nesse banco vejo quando uma criança corre para os braços do seu pai. Ela parece feliz. A terna felicidade que aquele momento a permite ter, pois, a falta de preocupação deixa que ela seja sempre intensa e alegre.

Vendo aquela cena fico imaginando na razão pela qual nos tornamos adultos tão sozinhos. Por mais que sejamos felizes, jamais alcançaremos o ápice da satisfação, porque somos assim mesmo, a vida adulta é assim. Corremos por mais, queremos mais, não conseguimos parar até cruzarmos a linha de chegada, às vezes chegamos em pedaços, porém não cessamos até chegarmos lá. Queremos tanto alcançar o fim que nunca lembramos que o mais importante nisso tudo é o trajeto que percorremos, pois, é ele que molda nosso caráter e forma quem somos.

Aquela tenra criança em breve conhecerá a dor e as responsabilidades de ser adulto. Ninguém disse que seria fácil, não é? Dizem que a adolescência é a pior fase pela qual passamos, mas acho que não. Apesar de ser um momento conturbado e de inúmeras mudanças, nós podemos ser instáveis, pois é isso que as pessoas esperam de nós: uma constante instabilidade emocional. A vida adulta tira isso de nós e exige que sejamos firmes e estáveis, sem tempo para erros ou muitas mudanças. 
Queremos um emprego fixo, um relacionamento fixo, amizades fixas, filmes fixos, artistas fixos, número fixo, é tanta coisa fixa que não nos permitimos muita flexibilidade.
É assim que ocorre. Podemos até tentar nos convencer que somos diferentes, pois não queremos que nos comparem com robôs, mas a verdade é que grande parte da nossa vida vivemos no automático e quando nos damos conta disso já temos perdido muito tempo. 

Parar, respirar e olhar pela janela. Lembrar daquilo que nos faz bem e nos traz esperança. Chorar, sorrir, correr. Não podemos deixar que a vida adulta nos tire  a alegria que as pequenas coisas promovem. 
O mar de responsabilidades no qual nadamos todos os dias não pode afogar aquela criança feliz que fomos um dia e que ainda vive em nós. Mesmo na rapidez da vida ou na sombra monótona de alguns dias, podemos liberta-la por breves minutos e deixá-la correr livre das preocupações que circundam nossa existência. Esse exercício faz nossa alma respirar, viver outra vez. 





O garoto pede um sorvete ao pai e ambos se deslocam de mãos dadas até o outro lado do parque para comprar o almejado desejo daquela criança. Contemplando aquela cena sinto uma vontade enorme de também tomar um sorvete percebendo que há anos não permito que aquela delícia gelada derreta em minha boca, e a troco de quê? Da prevenção de diabetes, óbvio. A vida adulta também traz consigo várias doenças, não nos esqueçamos disso. A vontade de tomar o sorvete só aumenta, mas olho relógio e percebo que estou quase atrasado para o trabalho, decido então que dessa vez vou me permitir essa pequena alegria e deixar que minha criança interna se liberte por alguns instantes.

 Fazia um tempo que isso não acontecia e sinto minha alma sorrir quando o doce do chocolate encosta em meus lábios. Preciosos momentos como esse merecem ser apreciados, mas para isso precisam existir. Podemos nos permitir esses momentos de fuga, um instante no qual não precisamos nos cobrar tanto, no qual possamos voltar a ser aquela criança de outrora, no qual sejamos inteiramente felizes, outra vez. 



Espero que tenham gostado desse novo cantinho aqui do blog. Se curtirem traremos mais textos assim, beijos!






18 comentários:

  1. Oi, tudo bem??

    Cara, eu acho super legal essa ideia de cronicas, queria muito ter o talento de criar essas coisas kkkk
    Bom, eu adorei a sua reflexão, essa frase "O mar de responsabilidades no qual nadamos todos os dias não pode afogar aquela criança feliz que fomos um dia e que ainda vive em nós" é muito eu, porque eu tento todo dia não matar a minha criança, mas venho falhando miseravelmente, espero melhorar isso.

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  2. Olá, tudo bem? Ahhh, que crônica mais incrível! Achei o texto demais, pois traz várias lições para quem o lê, sem dúvidas. Já estou curiosa para ler os próximos textos!

    Beijos,
    Duas Livreiras

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  3. A tempos não li uma cronica que me fizesse parar e refletir. As responsabilidades, a nossa criança interior aprisionada e essa infindável busca por satisfação nos torna adultos tão amargos que as vezes nem notamos. Adorei mesmo o texto e espero ver mais deles por aqui, Wes, parabéns!

    Abraços.

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  4. Ola Wes...

    Minha nossa que crônica simplesmente fantástica. Era justamente isso que eu precisava ler hoje... principalmente esse trecho: "O mar de responsabilidades no qual nadamos todos os dias não pode afogar aquela criança feliz que fomos um dia e que ainda vive em nós"

    Beijo

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  5. Oiii Wes


    Ah eu morro de saudade da criança que fui um dia, principalmente porque cresci na casa dos meus avós, vivendo bem aquela vida boa do interior, onde preocupações era só coisa de "gente grande". Adolescência não é extamente a pior fase da vida, mas certamente a mais confusa talvez? Porque os adolescentes querem provar tantas coisas, e ser adultos tão precocemente, sem saber que estão acelerando um processo que como vc mesmo disse traz só um mar de obrigações.
    Linda cronica.

    Beijos

    www.derepentenoultimolivro.com

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  6. Oi Wes, que texto lindo e reflexivo! Eu sinto que com a maturidade, vem a solidão também, concordo contigo, muitas vezes nos tornamos adultos bastante sozinhos, mas acho que o seu texto veio no momento certo para que repensemos sobre isso e quem sabe possamos trilhar outros caminhos, lado a lado das pessoas que amamos.

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  7. Oi, tudo bem?
    Eu gostei bastante do texto, por isso sou a favor de vocês trazerem mais! Bom, realmente ser adulto é complicado, a gente sempre está correndo para alcançar algo, mas nunca estamos satisfeitos, né? Porque geralmente quando a gente alcança o que queria, nosso desejo muda e ficamos nesse ciclo pelo resto da vida. E na vida adulta a gente se priva de tantas coisas bacanas, né? Enfim, é realmente importante a gente começar a ter alguns momentos de fuga.

    Beijos :*

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  8. Como não gostar? Sim, adorei e aprovei a crônica e sempre que puder traga mais textos sim.
    Bjs, Rose

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  9. Eu, que sou uma negação para a escrita, me encanto com o poder de alguns de sentir, refletir e conseguir passar pro papel (no caso, tela.). Parabéns! Eu acho super válido terem posts assim às vezes. Reservem sim um cantinho especial para isso.

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  10. Oi!
    Sua crônica traz uma boa reflexão além de ser uma bela leitura, difícil de não se agradar com ela.
    Beijos!

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  11. Olá Wes, tudo bem? Nossa, quanto talento você tem para escrever!
    Eu costumava ler crônicas na época da escola, lembro que lia muito Rubens Braga, depois fui encontrando outros gêneros literários e perdi a vontade de voltar a lê-las! Mas, vou vir sempre ler todas as suas crônicas, um talento como seu precisa ser apreciado.

    Beijos e Abraços Vivi
    https://resenhasdaviviane.blogspot.com.br

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  12. Olá, tudo bem? Que crônica maravilhosa! Gosto muito de textos que nos fazem refletir mais sobre a vida, e a sua está perfeita.
    "Queremos tanto alcançar o fim que nunca lembramos que o mais importante nisso tudo é o trajeto que percorremos, pois, é ele que molda nosso caráter e forma quem somos." Concordo e CONCORDO MUITO! Por incrível que pareça esse sentimento nasceu mais em mim, depois da música da Miley Cyrus, e cada vez mais tento viver dessa maneira. Adorei mesmo e já quero ler mais crônicas suas <3
    Beijos,
    https://diariasleituras.blogspot.com

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  13. oie como vai?
    gostei da sua crônica, simplista mas bem significativa, continue escrevendo <3
    vai em frente que a cada dia lutando e escrevendo você conquistara o que deseja na escrita.

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  14. Que bela surpresa, Wes!
    Adorei seu texto e a reflexão que ele traz. Gostei muito dessa nova coluna e quero ver mais textos seus por aqui. Você escreve bem, palavras simples que nos tocam.

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  15. a felicidade das coisas simples e necessárias ao dia a dia, amo ler crônicas e espero encontrar mais textos assim por aqui.

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  16. Oi Wes, tudo bem?
    Outro dia pensei sobre isso, acho que não podemos deixar morrer nosso espírito infantil. Mas a vida adulta não aceita e tende a esmagar esse lado mais leve e sonhador que temos. Estou aqui dizendo que mesmo que você queria mantê-lo, agora não estou falando da rotina e problemas da vida, me refiro às pessoas, elas não aceitam alguém de coração mais puro. Gostei muito da sua crônica e das reflexões que ela levantou Traga mais.
    beijinhos.
    cila.

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  17. Olá o texto é bem reflexivo e me fez pensar bastante eu amo textos reflexivos e esse me fez refletir

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