"Mesmo sendo uma pequena história, ainda assim é encantadora. Wes escreveu um conto que nos fez se colocar no lugar do personagem e sentir todos os sentimentos que ele estava passando, além do cenário que é imaginado com facilidade. Fascinante <3 ” Kah (Blog Cupcakeland)
A glória da cidade natal
A
sensação de voltar é indescritível. 15 anos... Foi o tempo que levei para me
reconstruir, para melhorar, evoluir. Eu sei que foi a escolha certa. E não me
arrependo muito de tê-la feito.
Quando
o táxi passa sobre a Ponte Crusby, que nessa época do ano está coberta de neve,
uma nostalgia me invade e sou obrigado a parar naquele lugar que fora um marco
na minha vida. No meu passado.
Ainda
dói pensar nele como passado.
Peço
para o taxista esperar alguns minutos, enquanto desço do carro afim de
caminhar, sob a neve fria, até o outro lado da ponte. Ele diz, em um tom quase
ríspido, que tudo bem, mas não devo demorar, pois a previsão anuncia uma
nevasca que chegará em poucas horas. Apenas aceno afirmativamente com a cabeça.
Na
minha trajetória até o outro lado da ponte, penso em como senti falta desse
lugar. Dos altos prédios, das ruas arborizadas, dos museus e monumentos. Da
minha cidade.
Quantos
momentos inesquecíveis e dolorosos. Quantos sentimentos espalhados por cada uma
daquelas ruas.
Absorvo
o ar frio que me preenche e sigo de volta para o carro, com a certeza de
que minha estadia aqui me trará a memória tudo que vivenciei nessa
cidade. Tudo. Pensar nessa palavra me traz um arrepio a espinha, e
com ele um certo medo. Medo da dor. De lembrar.
Volto
para o carro e grito mentalmente para que o motorista parta. Como se ele
entendesse o que pensei, ele segue com o carro até o meu desembarque
final.
Encaro
meus olhos castanhos e meu rosto negro com a barba por fazer no espelho, e vejo
meu semblante meio assustado. Desvio o olhar de mim mesmo e busco meu celular
na bolsa, com o propósito de passar o tempo enquanto não chegamos ao meu
destino.
Ao
ficar no início da minha antiga rua, pago ao motorista e pego minha mala. A
mala que ele me deu. Nesse momento penso em como as feridas, que estão
aparentemente cicatrizadas, podem doer. Muito.
Tento
me livrar dos diversos pensamentos que surgem em minha cabeça e me dirijo o
mais rápido que consegui para minha casa. Bom, a casa dos meus pais.
Ao
andar por aquela rua, pelo caminho que fiz tantas vezes, sou invadido por um
sentimento familiar e estanho. Vejo as pessoas que conheci indo para suas
casas, quando vejo um jovem garoto vindo em minha direção, que para diante de
mim e pergunta:
— Moço,
o senhor precisa de ajuda? Está perdido? A voz dele é de alguém que de fato
quer ajudar. Uma coisa difícil de ser vista.
— Obrigado.
Eu não estou perdido. Apenas vagando.
Ele
faz um movimento positivo com a cabeça, como se entendesse que estou perdido em
meus pensamentos e segue seu caminho.
Continuo
andando e ao ver um enorme carvalho no fim da rua, o rosto do Lucian aparece
nitidamente em minha mente e começo a chorar, mas não paro de andar.
Lembro
de quando o conheci, ambos com dezessete anos, não sei dizer se foi amor à
primeira vista, porém assim que o vi, uma conexão entre nós se estabeleceu e eu
sabia que ficaríamos juntos. Ele era o meu mais novo morador da rua e fiquei
responsável por ajudá-lo a se estabelecer na escola e na vizinhança, assim nos
aproximamos bastante e namorar foi apenas uma consequência da relação de
amizade e confiança que construímos.
"A
vida é um sopro." As pessoas dizem isso o tempo inteiro, mas no fundo
nunca pensam na profundidade que essa frase tem.
No fim
do ensino médio, descobrimos que o Lucian tinha uma doença terminal. Aquilo
abalou a todos nós, mas ele, que deveria ser o mais afetado por aquilo, se
manteve calmo e sereno o tempo inteiro até o dia que ele se foi. Ninguém pode
dizer que ele não aproveitou o pouco que viveu como um furacão, foi rápido sim,
mas não foi um sopro. Ele era intenso, forte. E saber daquilo me destruiu por
completo. Eu tinha milhares de planos para o futuro. Nós tínhamos. E
tivemos que ver um por um escapar do nosso alcance. Minha única alternativa foi
fugir de tudo aquilo, de toda aquela dor sufocante e ir estudar em uma
universidade no outro lado do oceano. Para ficar o mais longe que eu pudesse de
tudo aquilo que me lembrasse dos abraços quentes e sorrisos que enchiam o
ambiente de luz do Lucian. E aqui estou eu, de volta ao lugar que me deu tudo
para depois arrancar de mim.
Quando
me dou conta, já estou parado em frente da casa dos pais dele, e o carvalho
continua ali, com seus galhos afrontosos e umas poucas folhas que ainda ousam
resistir ao frio do inverno.
Me
aproximo daquela grandiosa árvore e começo a procurar algo que não sei bem o
que é, como se meu inconsciente quisesse me mostrar alguma coisa importante.
Vou passando minha mão pelo tronco firme e gélido do carvalho quando sinto uma
ondulação. Afasto a neve que cerca aquela área e vejo ali as iniciais "L +
T" grafadas dentro de um coração. Lucian e Taylor. Nós dois. Pode parecer
clichê, mas minha alegria ao ver aquilo é imensurável. Percebo que ainda não
havia parado de chorar, e agora estou soluçando desesperadamente. Tento parar,
respirar para me recuperar um pouco antes que alguém me veja aqui.
Em um
ato inconsciente me atiro naquele tronco e o abraço. Fecho os olhos e imagino o
Lucian me vendo de onde quer que ele esteja. Sussurro um Eu ainda amo você e
como se fosse uma resposta, uma pequena folha se solta da árvore e pousa em
meus lábios e naquele instante me sinto feliz. Imensamente feliz.
Abraçar
aquela árvore, que representa tanto para mim, me mostra que não vou mais
aguentar coisas ruins. Mostra que ainda estamos unidos, que não devo tolerar a
dor, que estar aqui é uma dádiva do meu mundo, é quem eu me tornei.
Solto
o carvalho e me direciono a minha antiga casa. Ao olhar para trás, percebo que
não haveria melhor lugar do que esse para eu estar agora: na minha cidade
natal. Onde as memórias são sempre frescas e as pessoas que conheci, são a
maravilha de agora.
Oi. Belo texto, sensacional e inspirador, o final é cativante, espero ler mais coisas sua por aqui. Parabéns pela extraordinária habilidade de escrita.
ResponderExcluirQue texto maravilhoso e inspirador <3
ResponderExcluirConsegui me sentir dentro do ambiente que vc descreveu
Sai da Minha Lente
Lindo texto, muito inspirador e com uma mensagem maravilhosa. Parabéns pelas belas palavras que nos proporcionou.
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirNo início fiquei em dúvida se era alguma resenha de livro, mas depois entendi melhor o texto e confesso que adorei a forma como trabalhou me cativou.
Parabéns pela escrita e continue sendo inspirado a escrever lindas e inspiradoras histórias.
Beijos!
Camila de Moraes
Olá, tudo bem? Uau, que texto mais incrível! É, sem dúvidas, uma história inspiradora, que todos deveriam tirar um tempinho para ler. Parabéns pela escrita!
ResponderExcluirBeijos,
Duas Livreiras
Oiiee
ResponderExcluirQue texto lindo, vc escreve muito bem, esse final é carregado de emoção, parabéns pelo texto, super bem narrado.
Beijo
www.derepentenoultimolivro.com
Que texto lindo e inspirador. Perdemos a noção da importância dos momentos e a frase A Vida é um sopro perde o sentido é vira apenas uma frase de para choque de caminhão. Enfim, adorei as palavras.
ResponderExcluirAbraços.
https://cabinedeleitura0.blogspot.com/
Olá,
ResponderExcluirUm texto verdadeiramente doloroso e angustiante.
A dor de Taylor é palpável e imensurável.
Dar vontade de abraça-lo e dizer que não dar para superar, mas o tempo se encarrega de seguimos em frente e convivemos bem com as feridas que a Vida nos deixou.
Beijos!
Ah, que honra poder ler seu conto!
ResponderExcluirAchei ele tão profundo! As palavras foram singelas, mas com tanto sentimento em cada parte da narração que foi impossível não sentir o que o personagem estava sentindo. Encantador e profundo. Parabéns por esse texto lindo!
Abraços
Que conto mais lindo. Eu adoro contos, mas sempre fico com gostinho de quero mais. E eu queria mais desse.
ResponderExcluirTexto lindo e inspirador, parabéns!!!
beijos
Oie!
ResponderExcluirQue texto lindo! Adoro textos assim, que me fazem refletir.
Adorei as suas palavras sobre a cidade natal, ponde muitas vezes queremos ir tãolonge, mas sempre acabamos voltando.
Lindo!
Bjks!
Histórias sem Fim
Heiii, tudo bem?
ResponderExcluirAhh lindo texto!
Nada como a nossa cidade natal, cada um tem a sua e uma lembrança dela e coisas pra fazer de novo.
Realmente é mto gostoso voltar para onde iniciamos a jornada e ver que sempre podemos voltar pra o nosso local.
Um texto inspirador.
Beijos.
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Olá! Que emocionante! E simples ao mesmo tempo! Trás uma sensação boa quando a gente retorna, independente de onde ou pra onde, pra um lugar que nos dá paz, que tem aquela nostalgia e boa sensação.. Adorei o texto!
ResponderExcluirBjoxx ~ www.stalker-literaria.com
Oii
ResponderExcluirNossa, quando comecei a ler demorei um pouquinho a entender que se tratava de um texto seu e tenho que dizer que eu amei a história e tudo o que ela me fez sentir enquanto lia. Parabens pela sabedoria em transformar as palavras em uma historia incrivelmente inspiradora
beijos
Oie amore,
ResponderExcluirQue amor de blog...
Que texto divino... me fez refletir.
E está bem focado!
Beijokas!
www.facesdeumacapa.com.br
Oi!
ResponderExcluirCidade natal sempre vai ter um gostinho diferente, não importante onde seja, quais memórias você teve nela. Adorei o seu texto, me identifiquei um pouco em algumas coisas.
beijos!
Olá Wes,
ResponderExcluirQue final mais cativante dessa história. Eu realmente amei o texto, você está de parabéns pela escrita envolvente.
Bjim!
Tammy
Tem exatos 15 anos que não vou à cidade onde nasci e ler o seu texto me deixou muito nostálgica. Amei suas palavras e levarei esse texto comigo por muito tempo.
ResponderExcluirbeijos
MELHOR BLOG DA VIDAAAAAAAA
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